1 de janeiro de 2012

[ Sob nova direção ]

Amigo, amiga, o aparato corporal do proprietário deste blogue foi confiscado, agora ele pertence a outra consciência. Agora ele é outra pessoa. Forças poéticas incontroláveis operaram essa transferência. Forças do Bem, não se preocupe.

O círculo mágico iniciado em 1989, numa oficina de criação literária, está se fechando hoje. Na oficina coordenada por João SilvérioTrevisan, nas antigas Oficinas Culturais Três Rios, troquei as artes plásticas pela literatura. Mais de vinte anos depois, mais de vinte livros publicados, chegou a hora da aposentadoria.

Foi por volta de 2005, 2006, que baixou o cansaço, a preguiça. Sempre que eu começava a escrever, vinha a impressão de estar repetindo certos procedimentos. Não existe nada pior pra um ficcionista do que escrever o mesmo texto ano após ano. Foi nessa época que tomei a decisão: está na hora de parar (como tantos escritores que pararam). Ou de mudar (como tantos escritores que mudaram). Ou as duas coisas. Hora de comemorar o final de um ciclo criativo e o início de outro. De mochila pronta para as merecidas férias, chegou a hora da metáfora dramática: hoje eu deixo o palco, tomo distância da vida literária. Entra em cena Luiz Bras.

É claro que a transição não foi abrupta, foi até bastante pacífica. O círculo começou a se fechar há muito tempo. O último texto ficcional que escrevi já fez cinco anos, acho que ontem ou anteontem. Os primeiros escritos do Luiz já fizeram uma década. Faltava apenas completar o processo, dar o salto. Definitivamente.

Sai este autor, ficam os livros, e apenas os livros: sua melhor parte. Afinal essa é a ordem natural das coisas. A vantagem, no meu caso, está em sair ainda respirando, vivinho da silva, diferente do que acontece com a grande maioria.