[ Toni Marques na Folha de S.Paulo ]
29 de dezembro de 2011
6 de novembro de 2011
29 de outubro de 2011
20 de outubro de 2011
8 de outubro de 2011
30 de setembro de 2011
24 de setembro de 2011
21 de setembro de 2011
[ Geração Zero Zero no Estado de Minas ]
Três trechos da resenha de André di Bernardi, publicada no dia 17 de setembro:
O livro serve bem para gerar movimento, para produzir faíscas. Essa turma tem consistência, esse bando de malucos tem o que dizer e o faz de forma considerável.
O que temos, o que encontramos no livro é uma espécie de teia, um emaranhado, uma profusão de vozes promissoras. Nelson preza o encontro, a sujeira das ideias, o conflito e o confronto. O desarmônico, a dissonância, os diferentes estilos destes autores que representam e mostram a cara deste início de século, da brutalidade destes autores surge aquele bizarro propício.
Os autores da Geração Zero Zero preferem as sombras, as sobras da alma humana. Eles preferem os desmandos do corpo, o atrito, a esfregação, as fervuras, o descontrole, a folgança, o folguedo, o feio que se torna interessante [vide Marcelo Benvenutti, no conto O homem que amava as gordas (e as feias também)]; eles preferem o estranho e o surreal, que se torna fonte para boa literatura [vide Paulo Scott e seus sanduíches recheados de anzóis]: “O que você dirá quando meus poemas forem apenas capotagens de Monareta e receitas de lanches rápidos à base de óleo de soja em rodoviária?”. Tudo que é personagem, todos os autores da Geração Zero Zero andam no fio da navalha.
Três trechos da resenha de André di Bernardi, publicada no dia 17 de setembro:
O livro serve bem para gerar movimento, para produzir faíscas. Essa turma tem consistência, esse bando de malucos tem o que dizer e o faz de forma considerável.
O que temos, o que encontramos no livro é uma espécie de teia, um emaranhado, uma profusão de vozes promissoras. Nelson preza o encontro, a sujeira das ideias, o conflito e o confronto. O desarmônico, a dissonância, os diferentes estilos destes autores que representam e mostram a cara deste início de século, da brutalidade destes autores surge aquele bizarro propício.
Os autores da Geração Zero Zero preferem as sombras, as sobras da alma humana. Eles preferem os desmandos do corpo, o atrito, a esfregação, as fervuras, o descontrole, a folgança, o folguedo, o feio que se torna interessante [vide Marcelo Benvenutti, no conto O homem que amava as gordas (e as feias também)]; eles preferem o estranho e o surreal, que se torna fonte para boa literatura [vide Paulo Scott e seus sanduíches recheados de anzóis]: “O que você dirá quando meus poemas forem apenas capotagens de Monareta e receitas de lanches rápidos à base de óleo de soja em rodoviária?”. Tudo que é personagem, todos os autores da Geração Zero Zero andam no fio da navalha.
5 de setembro de 2011
3 de setembro de 2011
29 de agosto de 2011
[ Ficção científica, fantasia e horror no Brasil ]
O Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica 2010, organizado pelos jornalistas Marcello Simão Branco e Cesar Silva, apresenta um panorama amplo de parte da literatura brasileira pouco divulgada na grande imprensa. Foi ótimo conversar com Marcello e Cesar sobre o nosso mercado editorial, as oficinas de criação literária, as ficções de Luiz Bras etc. A entrevista completa está neste novo número do Anuário, que traz também uma resenha do Paraíso líquido, entre outras.
O Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica 2010, organizado pelos jornalistas Marcello Simão Branco e Cesar Silva, apresenta um panorama amplo de parte da literatura brasileira pouco divulgada na grande imprensa. Foi ótimo conversar com Marcello e Cesar sobre o nosso mercado editorial, as oficinas de criação literária, as ficções de Luiz Bras etc. A entrevista completa está neste novo número do Anuário, que traz também uma resenha do Paraíso líquido, entre outras.
13 de agosto de 2011
11 de agosto de 2011
[ Oficina de Criação Literária: Prosa & Poesia ]
Coordenação: Nelson de Oliveira
5/outubro a 21/novembro – segundas e quartas-feiras – 19h às 22h
Público: interessados em iniciar uma carreira literária, a partir de 18 anos.
Inscrições: 8/agosto a 30/setembro
Seleção: análise de três textos de autoria do candidato, que podem ser contos, poemas ou três capítulos de um romance.
15 vagas
A oficina buscará o aprimoramento da atividade literária individual, por meio da produção de textos (prosa e poesia) a partir de exercícios dados em sala de aula e da análise do trabalho dos participantes, à luz do que de melhor se produziu na literatura mundial.
Nelson de Oliveira é doutor em Letras pela USP e escritor. Publicou mais de 20 livros, entre eles: A oficina do escritor (ensaios, 2008) e Poeira: demônios e maldições (romance, 2010). Dos prêmios que recebeu, destacam-se o da Fundação Biblioteca Nacional (2007), duas vezes o da APCA (2001 e 2003) e duas vezes o Casa de las Américas (1995 e 2011).
Oficina da Palavra Casa Mário de Andrade
Coordenação: Rosa Artigas
Rua Lopes Chaves, 546 - Barra Funda - Cep: 01154-010 - São Paulo - SP
Telefones: (11) 3666-5803 e 3826-4085
E-mail: casamariodeandrade@oficinasculturais.org.br
Funcionamento: Segunda a sexta-feira das 13h às 22h e ao sábados das 10h às 14h
Coordenação: Nelson de Oliveira
5/outubro a 21/novembro – segundas e quartas-feiras – 19h às 22h
Público: interessados em iniciar uma carreira literária, a partir de 18 anos.
Inscrições: 8/agosto a 30/setembro
Seleção: análise de três textos de autoria do candidato, que podem ser contos, poemas ou três capítulos de um romance.
15 vagas
A oficina buscará o aprimoramento da atividade literária individual, por meio da produção de textos (prosa e poesia) a partir de exercícios dados em sala de aula e da análise do trabalho dos participantes, à luz do que de melhor se produziu na literatura mundial.
Nelson de Oliveira é doutor em Letras pela USP e escritor. Publicou mais de 20 livros, entre eles: A oficina do escritor (ensaios, 2008) e Poeira: demônios e maldições (romance, 2010). Dos prêmios que recebeu, destacam-se o da Fundação Biblioteca Nacional (2007), duas vezes o da APCA (2001 e 2003) e duas vezes o Casa de las Américas (1995 e 2011).
Oficina da Palavra Casa Mário de Andrade
Coordenação: Rosa Artigas
Rua Lopes Chaves, 546 - Barra Funda - Cep: 01154-010 - São Paulo - SP
Telefones: (11) 3666-5803 e 3826-4085
E-mail: casamariodeandrade@oficinasculturais.org.br
Funcionamento: Segunda a sexta-feira das 13h às 22h e ao sábados das 10h às 14h
9 de agosto de 2011
3 de agosto de 2011
31 de julho de 2011
23 de julho de 2011
9 de julho de 2011
25 de junho de 2011
19 de junho de 2011
[ Geração Zero Zero no Prosa & Verso ]
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A crítica Beatriz Rezende, sempre atenta à literatura brasileira contemporânea, fez a primeira resenha da antologia Geração Zero Zero, recém-lançada pela Língua Geral. A análise foi publicada ontem, no caderno Prosa & Verso, do jornal O Globo, e pode ser lida também na web. O caderno dedicou a capa e a segunda página à nova antologia, que chega às livrarias na segunda-feira.
A crítica Beatriz Rezende, sempre atenta à literatura brasileira contemporânea, fez a primeira resenha da antologia Geração Zero Zero, recém-lançada pela Língua Geral. A análise foi publicada ontem, no caderno Prosa & Verso, do jornal O Globo, e pode ser lida também na web. O caderno dedicou a capa e a segunda página à nova antologia, que chega às livrarias na segunda-feira.
14 de junho de 2011
8 de junho de 2011
[ Você está convidado ]

Da pesquisa inicial à impressão gráfica foram quatro anos de trabalho. Após a leitura de dezenas de livros, a primeira filtragem, a segunda filtragem, o convite aos autores selecionados, a organização dos textos recebidos e a produção editorial, finalmente chegou a hora de curtir o resultado impresso e encadernado desse esforço coletivo. São vinte e um dos melhores autores que estão fazendo a nova ficção brasileira.

Da pesquisa inicial à impressão gráfica foram quatro anos de trabalho. Após a leitura de dezenas de livros, a primeira filtragem, a segunda filtragem, o convite aos autores selecionados, a organização dos textos recebidos e a produção editorial, finalmente chegou a hora de curtir o resultado impresso e encadernado desse esforço coletivo. São vinte e um dos melhores autores que estão fazendo a nova ficção brasileira.
5 de junho de 2011
[ Prêmio SP de Literatura ]

Eu estava em São Francisco Xavier, curtindo o friozinho e a festa, quando soube da ótima notícia.
Os finalistas são:
Melhor Livro do Ano (ordem alfabética de autor)
- Adriana Lisboa, com Azul-Corvo (Rocco)
- Carola Saavedra, com Paisagem com Dromedário (Companhia das Letras)
- Evandro Affonso Ferreira, com Minha Mãe se Matou Sem Dizer Adeus (Record)
- Joca Reiners Terron, com Do Fundo do Poço se Vê a Lua (Companhia das Letras)
- Menalton Braff, com Bolero de Ravel (Global)
- Miguel Sanches Neto, com Chá das Cinco com o Vampiro (Objetiva)
- Nelson de Oliveira, com Poeira: Demônios e Maldições (Língua Geral)
- Ronaldo Wrobel, com Traduzindo Hannah (Record)
- Rubens Figueiredo, com Passageiro do Fim do Dia (Companhia das Letras)
- Sérgio Mudado, com Os Negócios Extraordinários de um Certo Juca Peralta (Crisálida)
Autor Estreante (ordem alfabética de autor)
- Andréa del Fuego, com Os Malaquias (Língua Geral)
- Bráulio Mantovani, com Perácio - Relato Psicótico (Leya)
- Eduardo Giannetti, com A Ilusão da Alma: Biografia de uma Ideia Fixa (Companhia das Letras)
- Gabriela Guimarães Gazzinelli, com Prosa de Papagaio (Record)
- Hélio Pólvora, com Inúteis Luas Obscenas (Casarão do Verbo)
- Luis Alberto Brandão, com Manhã do Brasil (Scipione)
- Marcelo Cid, com Os Unicórnios (7 Letras)
- Marcelo Ferroni, com Método Prático da Guerrilha (Companhia das Letras)
- Marco Lucchesi, com O Dom do Crime (Record)
Eu estava em São Francisco Xavier, curtindo o friozinho e a festa, quando soube da ótima notícia.
Os finalistas são:
Melhor Livro do Ano (ordem alfabética de autor)
- Adriana Lisboa, com Azul-Corvo (Rocco)
- Carola Saavedra, com Paisagem com Dromedário (Companhia das Letras)
- Evandro Affonso Ferreira, com Minha Mãe se Matou Sem Dizer Adeus (Record)
- Joca Reiners Terron, com Do Fundo do Poço se Vê a Lua (Companhia das Letras)
- Menalton Braff, com Bolero de Ravel (Global)
- Miguel Sanches Neto, com Chá das Cinco com o Vampiro (Objetiva)
- Nelson de Oliveira, com Poeira: Demônios e Maldições (Língua Geral)
- Ronaldo Wrobel, com Traduzindo Hannah (Record)
- Rubens Figueiredo, com Passageiro do Fim do Dia (Companhia das Letras)
- Sérgio Mudado, com Os Negócios Extraordinários de um Certo Juca Peralta (Crisálida)
Autor Estreante (ordem alfabética de autor)
- Andréa del Fuego, com Os Malaquias (Língua Geral)
- Bráulio Mantovani, com Perácio - Relato Psicótico (Leya)
- Eduardo Giannetti, com A Ilusão da Alma: Biografia de uma Ideia Fixa (Companhia das Letras)
- Gabriela Guimarães Gazzinelli, com Prosa de Papagaio (Record)
- Hélio Pólvora, com Inúteis Luas Obscenas (Casarão do Verbo)
- Luis Alberto Brandão, com Manhã do Brasil (Scipione)
- Marcelo Cid, com Os Unicórnios (7 Letras)
- Marcelo Ferroni, com Método Prático da Guerrilha (Companhia das Letras)
- Marco Lucchesi, com O Dom do Crime (Record)
- Reni Adriano, com Lugar (Tinta Negra)
4 de junho de 2011
30 de maio de 2011
[ Paul Harding na Folha de S.Paulo ]
A restauração das horas, romance de estreia desse rapaz da foto, foi rejeitado por várias editoras, antes de ser publicado pela pequena Bellevue Literary Press. Logo que saiu, o romance comoveu principalmente blogueiros e livreiros, dando início ao poderoso boca a boca que o levaria ao Pulitzer. Curiosidade: o editor da Bellevue Literary Press, casa especializada em livros de medicina, topou publicar um autor inédito e desconhecido porque no romance há um personagem epilético.
A restauração das horas, romance de estreia desse rapaz da foto, foi rejeitado por várias editoras, antes de ser publicado pela pequena Bellevue Literary Press. Logo que saiu, o romance comoveu principalmente blogueiros e livreiros, dando início ao poderoso boca a boca que o levaria ao Pulitzer. Curiosidade: o editor da Bellevue Literary Press, casa especializada em livros de medicina, topou publicar um autor inédito e desconhecido porque no romance há um personagem epilético.
26 de maio de 2011
24 de maio de 2011
10 de maio de 2011
8 de maio de 2011
1 de maio de 2011
26 de abril de 2011
18 de abril de 2011
16 de abril de 2011
11 de abril de 2011
14 de março de 2011
6 de março de 2011
[ Sesc abre espaço para leitores e novos escritores ]

Sesc Pinheiros promove encontro de leitores e novos autores com escritores veteranos, para bate-papo.
Levando-se em conta as várias plataformas, os muitos dispositivos e suportes para a criação e distribuição da produção literária nacional, o Sesc Pinheiros desenvolveu o projeto Escritores de Quinta, um espaço voltado para a apresentação, a crítica, o debate e a produção literária multimídia. Realizado mensalmente, sempre numa quinta-feira, o encontro tem a curadoria dos escritores Bruno Cobbi, Edson Rossatto e Nelson de Oliveira.
“O projeto tem como foco a reflexão crítica sobre o trabalho dos novos escritores e os modos e meios como a literatura é produzida hoje”, diz André Dias, responsável pela programação de literatura do Sesc Pinheiros. “Ele incorpora os formatos dos encontros literários que acontecem no circuito alternativo, permeados pela informalidade e pela simultaneidade de apresentações de obras, ideias e debates”, completa.
Serviço:
Escritores de Quinta (grátis)
Curadoria de Bruno Cobbi, Edson Rossatto e Nelson de Oliveira
17 de março de 2011, das 19h30 às 22h00
Local: Sesc Pinheiros - Rua Paes Leme, 195 - São Paulo - SP
Inscrições: Tel. (11) 3095.9492 (Sala da Internet Livre - 2º andar) / http://bit.ly/escritoresdequinta1
Sesc Pinheiros promove encontro de leitores e novos autores com escritores veteranos, para bate-papo.
Levando-se em conta as várias plataformas, os muitos dispositivos e suportes para a criação e distribuição da produção literária nacional, o Sesc Pinheiros desenvolveu o projeto Escritores de Quinta, um espaço voltado para a apresentação, a crítica, o debate e a produção literária multimídia. Realizado mensalmente, sempre numa quinta-feira, o encontro tem a curadoria dos escritores Bruno Cobbi, Edson Rossatto e Nelson de Oliveira.
“O projeto tem como foco a reflexão crítica sobre o trabalho dos novos escritores e os modos e meios como a literatura é produzida hoje”, diz André Dias, responsável pela programação de literatura do Sesc Pinheiros. “Ele incorpora os formatos dos encontros literários que acontecem no circuito alternativo, permeados pela informalidade e pela simultaneidade de apresentações de obras, ideias e debates”, completa.
Serviço:
Escritores de Quinta (grátis)
Curadoria de Bruno Cobbi, Edson Rossatto e Nelson de Oliveira
17 de março de 2011, das 19h30 às 22h00
Local: Sesc Pinheiros - Rua Paes Leme, 195 - São Paulo - SP
Inscrições: Tel. (11) 3095.9492 (Sala da Internet Livre - 2º andar) / http://bit.ly/escritoresdequinta1
4 de março de 2011
3 de março de 2011
[ Rorty ]
Quem haverá de negar que os livros de alta ajuda são muito melhores do que os de auto-ajuda? E os livros do filósofo Richard Rorty são todos de altíssima ajuda. Suas reflexões sobre a natureza do ser humano e a dinâmica do conhecimento sempre acalmam minhas piores angústias.
Uma de suas palestras acaba de ser lançada pela editora Martins Fontes, com o título Uma ética laica. Recomendo. Trechos como esses significam um pouco de luz no caos mental:
Santayana afirmava, e eu concordo com ele, que a única fonte de ideais morais é a imaginação humana. (…) A asserção de Santayana sobre o fato de que a imaginação é uma fonte suficientemente boa para os ideais levou-o a afirmar que a religião e a poesia são idênticas em sua essência.
Deveríamos deixar de pensar no que um ideal pretende de nós e de nos questionar sobre a natureza de nossas obrigações para sermos fiéis a um ideal. Dedicar-se a um ideal moral é como se dedicar a outro ser humano. Quando nos apaixonamos por outra pessoa, não nos questionamos sobre a origem ou sobre a natureza de nosso esforço em cuidar do bem-estar dessa pessoa. É igualmente inútil fazê-lo quando nos apaixonamos por um ideal.
(…)
Foi Platão quem fundou a tradição adotada pelo papa, ligando a ideia de imortalidade à de imaterialidade e infinidade. A alma imaterial, cuja verdadeira sede é o mundo imaterial, um dia habitará os amplos espaços da própria infinidade, tornando-se imune aos desastres que inevitavelmente abalam qualquer ser meramente espaçotemporal, meramente finito. Muitas vezes se diz que os que discordam de Platão — como eu e os filósofos a que me referi — são desprovidos do sentido do espiritual. Se por espiritualidade se entende uma aspiração ao infinito, essa acusação é perfeitamente justificada, mas ela não se justifica quando se vê a espiritualidade como um sentido elevado de novas possibilidades que se abrem para os seres finitos. A diferença entre esses dois significados do termo espiritualidade é a diferença entre a esperança de transcender a finitude (o papa) e a esperança num mundo em que os seres humanos tenham vidas muito mais felizes do que as que vivem atualmente (eu).
Quem haverá de negar que os livros de alta ajuda são muito melhores do que os de auto-ajuda? E os livros do filósofo Richard Rorty são todos de altíssima ajuda. Suas reflexões sobre a natureza do ser humano e a dinâmica do conhecimento sempre acalmam minhas piores angústias.
Uma de suas palestras acaba de ser lançada pela editora Martins Fontes, com o título Uma ética laica. Recomendo. Trechos como esses significam um pouco de luz no caos mental:
Santayana afirmava, e eu concordo com ele, que a única fonte de ideais morais é a imaginação humana. (…) A asserção de Santayana sobre o fato de que a imaginação é uma fonte suficientemente boa para os ideais levou-o a afirmar que a religião e a poesia são idênticas em sua essência.
Deveríamos deixar de pensar no que um ideal pretende de nós e de nos questionar sobre a natureza de nossas obrigações para sermos fiéis a um ideal. Dedicar-se a um ideal moral é como se dedicar a outro ser humano. Quando nos apaixonamos por outra pessoa, não nos questionamos sobre a origem ou sobre a natureza de nosso esforço em cuidar do bem-estar dessa pessoa. É igualmente inútil fazê-lo quando nos apaixonamos por um ideal.
(…)
Foi Platão quem fundou a tradição adotada pelo papa, ligando a ideia de imortalidade à de imaterialidade e infinidade. A alma imaterial, cuja verdadeira sede é o mundo imaterial, um dia habitará os amplos espaços da própria infinidade, tornando-se imune aos desastres que inevitavelmente abalam qualquer ser meramente espaçotemporal, meramente finito. Muitas vezes se diz que os que discordam de Platão — como eu e os filósofos a que me referi — são desprovidos do sentido do espiritual. Se por espiritualidade se entende uma aspiração ao infinito, essa acusação é perfeitamente justificada, mas ela não se justifica quando se vê a espiritualidade como um sentido elevado de novas possibilidades que se abrem para os seres finitos. A diferença entre esses dois significados do termo espiritualidade é a diferença entre a esperança de transcender a finitude (o papa) e a esperança num mundo em que os seres humanos tenham vidas muito mais felizes do que as que vivem atualmente (eu).
1 de março de 2011
9 de fevereiro de 2011
3 de fevereiro de 2011
1 de fevereiro de 2011
[ Pergunta premiada ]

Um mundo abarrotado de livros acaba de vencer o Premio Casa de las Américas. O romance Poeira: demônios e maldições trata desse mundo-biblioteca apocalíptico. Livros a mancheias, livros em profusão, final dos tempos. Mas a questão crucial do romance não é apenas a avalanche de livros, é a linguagem viva, consciente. No fundo, desconfio que uma pergunta das mais cabeludas dá sustentação à trama: quem comanda quem? Em outras palavras: nós usamos a linguagem ou somos usados por ela?

Um mundo abarrotado de livros acaba de vencer o Premio Casa de las Américas. O romance Poeira: demônios e maldições trata desse mundo-biblioteca apocalíptico. Livros a mancheias, livros em profusão, final dos tempos. Mas a questão crucial do romance não é apenas a avalanche de livros, é a linguagem viva, consciente. No fundo, desconfio que uma pergunta das mais cabeludas dá sustentação à trama: quem comanda quem? Em outras palavras: nós usamos a linguagem ou somos usados por ela?
23 de janeiro de 2011
15 de janeiro de 2011
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